Enxertia (IV)

 Incompatibilidade na Enxertia 

A incompatibilidade caracteriza-se por uma impossibilidade de formação da união de enxertia, ou por uma quebra da planta pelo ponto de união, por vezes alguns anos após a realização desta técnica com sucesso.

Uma afinidade perfeita, só acontece no auto-enxerto.

Em muitos casos, a incompatibilidade mantêm-se dentro de limites técnicos e económicos irrelevantes, mas noutros, pode atingir tais níveis, que é capaz de produzir verdadeiros fenómenos de rejeição, provocando mesmo a morte prematura das plantas.

Sintomas de incompatibilidade

  • Falhas na formação da união de enxertia, numa percentagem significativa de casos;
  • Amarelecimento da folhagem seguida de desfoliação precoce;
  • Morte prematura das plantas;
  • |Diferenças significativas no crescimento do enxerto e do porta-enxerto;
  • |Aumentos anormais no volume do tronco, acima e/ou abaixo do ponto de enxertia. 

NOTA: A ocorrência isolada de um ou mesmo mais destes sintomas, pode não significar necessariamente que se trata de uma combinação incompatível, pois alguns destes sintomas verificam-se também devido a condições edafoclimáticas desfavoráveis. 



Tipos De Incompatibilidade 

Todos os processos de incompatibilidade implicam o aparecimento de de anomalias histológicas dos tecidos na zona de enxertia. 

Estas podem aparecer precocemente impedindo todo o processo de união. Nestes casos não se produz qualquer calo, nem ligação entre os câmbios dos dois biontes e dizemos que se trata de casos de INCOMPATIBILIDADE TOTAL.

Por vezes o processo histogénico de união dos tecidos inicia-se, mas a união efetiva é fraca e com zonas evidentes de ruptura na ligação dos câmbios e tecidos vasculares dos dois biontes dizemos então que se trata de casos de INCOMPATIBILIDADE LOCALIZADA. 

Noutros casos ainda, as alterações histológicas não interferem no processo de união da enxertia. Os sintomas de incompatibilidade surgem mais tarde, por vezes anos depois e normalmente tomam a forma de zonas necrosadas nos tecidos formados durante o processo de união da enxertia, começando normalmente no floema, estas necroses estendem-se rapidamente ao câmbio e xilema, acabando a arvore por quebrar pela zona de enxertia, mostrando a zona de fratura superfícies de separação evidentes e planos de clivagem perfeitamente lisos, trata-se de INCOMPATIBILIDADE TRANSLOCADA.

Causas de incompatibilidade 

A incompatibilidade parece estar diretamente relacionada com diferenças genéticas entre os dois biontes, tendo como causas processos de natureza fisiológica, mas a verdade é que os mecanismos pelos quais se manifesta em cada caso particular, não estão totalmente esclarecidos. Os aspectos que as seguir se apresentam, têm sido muitas vezes utilizados para explicar casos de incompatibilidade, no entanto, não se poderá generalizar a sua aplicação, pois em muitos casos, poderão mostrar-se inadequados ou mesmo ambíguos; 

•Diferentes padrões de crescimento do grafo e do cavalo;

•Diferenças fisiológicas e bioquímicas entre os biontes; 

•Presença de vírus 


(Fonte: Augusto Peixe; Arboricultura I; Universidade de Évora; 2004/2005)

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