Mosca do Mediterrâneo
( Ceratitis capitata Wiedemann )
A mosca do Mediterrâneo ataca os frutos de variadíssimas espécies fruteiras - pêssegos, damascos, nectarinas, maçãs, peras, laranjas, tangerinas, figos, diospiros, nêsperas, uvas e muitos outros - e pode causar a perda total da produção. O combate a uma praga deste tipo só tem sucesso se for organizado coletivamente pelos fruticultores, sobretudo através das suas associações sócio-profissionais e contando com o apoio técnico-científico dos serviços públicos. O controlo da mosca do Mediterrâneo torna-se muito difícil se apenas um ou outro produtor isolado fizer os tratamentos necessários, pois a mosca passa muito facilmente e com grande rapidez de uns pomares para os outros e mesmo de umas regiões para as outras.
A fêmea da Mosca do Mediterrâneo põe os ovos, perfurando a casca dos frutos. Dos ovos nascem pequenas larvas brancas (morcões), que se desenvolvem no interior do fruto, destruindo-o por completo. Os frutos atacados acabam por cair ao fim de algum tempo. A mosca, em anos cujas condições meteorológicas, de tempo quente, o permitam, pode causar enormes prejuízos. Depois de completado o seu desenvolvimento, as larvas abandonam o fruto, projetando-se para o solo, onde se enterram. Aí evoluem para pupas, das quais vêm a eclodir novas moscas, iniciando-se outra geração. À aproximação do tempo frio, as pupas já não evoluem para a forma adulta e ficam enterradas até à Primavera-Verão seguinte, dando nessa altura origem a um novo ciclo da praga. No norte do país, a mosca do Mediterrâneo mantém-se normalmente ativa entre o meio de Junho e o meio de Novembro, altura em que os últimos adultos são capturados na rede de armadilhas.
Medidas preventivas 2 A mosca do Mediterrâneo (Ceratitis capitata Wiedemann) - Carlos Coutinho Modo de realizar o tratamento Laranja aberta, mostrando as larvas da mosca no seu interior e a destruição do fruto por estas provocada. Para se estabelecer um plano de combate racional e escolher a altura mais oportuna para efetuar os tratamentos, é necessário obter dados sobre a precocidade e intensidade da praga. Para isso é preciso controlar o voo dos insetos adultos (as moscas propriamente ditas). Neste controlo usa-se um dos diversos tipos de armadilhas existentes, que são colocadas nos pomares. Estes processos deverão ser sempre acompanhados por uma estreita vigilância do pomar, para deteção da presença de fruta picada pela mosca. A Estação de Avisos de Entre Douro e Minho estabelece anualmente uma rede de locais para observação da evolução da mosca do Mediterrâneo, no sentido de poder emitir Avisos para o tratamento contra esta praga e de, a mais longo prazo, poderem vir a ser tomadas outras medidas de controlo.
Modo de realizar o tratamento
Para se estabelecer um plano de combate racional e escolher a altura mais oportuna para efetuar os tratamentos, é necessário obter dados sobre a precocidade e intensidade da praga. Para isso é preciso controlar o voo dos insetos adultos. A luta química tem em vista sobretudo a destruição dos insetos adultos, embora alguns tenham ação larvicida. Os inseticidas devem ser utilizados tendo em conta as culturas para que cada uma das especialidades está homologada. À calda inseticida pode adicionar-se um hidrolisado de proteínas, cuja função é atrair as moscas, aumentando a eficácia do tratamento. Neste caso, deverá pulverizar-se apenas metade da copa da árvore - a mais exposta ao sol - pois os insetos são aí atraídos pelo hidrolisado adicionado à calda. Assim, poupa-se inseticida, tornando o tratamento mais económico e menos agressivo para o Ambiente Deve ser respeitado escrupulosamente o intervalo de segurança indicado no rótulo do produto inseticida, cumprindo, assim, uma norma legal que visa proteger a saúde dos consumidores. Os frutos atacados devem ser apanhados e enterrados a mais de 60 cm de profundidade ou queimados. Desta forma, contribui-se para reduzir a população de mosca e os ataques no ano seguinte.
Luta biotécnica ( captura massiva e Luta autocida)
A captura massiva consiste na colocação no pomar de um determinado número de armadilhas, contendo um atrativo. As moscas são atraídas a estas armadilhas, diminuindo assim a população. Estes dispositivos podem ser encontradas no mercado da especialidade. Existe também a possibilidade técnica de introdução da luta autocida contra a mosca do Mediterrâneo Esta forma de controlo consiste no lançamento no ambiente de machos esterilizados da mosca que, ao acasalarem com as fêmeas existentes na natureza, dão origem a ovos estéreis, diminuindo gradualmente as populações da praga.
Esta forma de luta biotécnica, devidamente conduzida e conjugada com outros meios de luta, poderá vir a ser uma solução duradoura para o problema da mosca do Mediterrâneo na região.
Fonte:
Autor: Carlos Coutinho; Divisão de Protecção e Controlo Fitossanitário; DRAP Norte
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